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OZCAST #09 | Identidade Sonora

February 11, 2021 Oz Produtora Season 1 Episode 9
OZCAST #09 | Identidade Sonora
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OZCAST #09 | Identidade Sonora
Feb 11, 2021 Season 1 Episode 9
Oz Produtora

A música é uma potente forma de conexão, e muitas marcas têm aproveitado o uso estratégico das ondas sonoras para se relacionar, estabelecer vínculos emocionais e até mesmo transmitir o DNA da empresa. Análoga à identidade visual, a identidade sonora possibilita uma criação de experiências multissensoriais.

E você, já usou a sonorização para se conectar com seus clientes?

Para conversar sobre isso, convidamos os especialistas Adans Paulo, que trabalha há mais de 15 anos como produtor musical e sound designer; e Bruno Câmara, que é produtor musical há mais de 10 anos, com foco na criação de trilha sonora. Ambos fazem parte do nosso grande parceiro Berimbau Estúdio.

INSIGHTS

Hygor Amorim
Twenty Thousand Hertz - Dallas Taylor

Gus Belezoni
A afinação do mundo - Murray Schafer

Adans Paulo
Por trás daquele som - Netflix

Bruno Câmara
Masterclass - Hans Zimmer


FICHA TÉCNICA


Roteiro e gravação
GUS BELEZONI


Edição
DIANA RAGNOLE


Divulgação
MARÍLIA PIMENTA


Arte gráfica
FRANCIS FIDÉLIX


Motion
VIDEOMATIK

MAIS SOBRE A OZ
www.ozprodutora.com

SIGA A OZ NO INSTA
@ozprodutora

Show Notes Transcript

A música é uma potente forma de conexão, e muitas marcas têm aproveitado o uso estratégico das ondas sonoras para se relacionar, estabelecer vínculos emocionais e até mesmo transmitir o DNA da empresa. Análoga à identidade visual, a identidade sonora possibilita uma criação de experiências multissensoriais.

E você, já usou a sonorização para se conectar com seus clientes?

Para conversar sobre isso, convidamos os especialistas Adans Paulo, que trabalha há mais de 15 anos como produtor musical e sound designer; e Bruno Câmara, que é produtor musical há mais de 10 anos, com foco na criação de trilha sonora. Ambos fazem parte do nosso grande parceiro Berimbau Estúdio.

INSIGHTS

Hygor Amorim
Twenty Thousand Hertz - Dallas Taylor

Gus Belezoni
A afinação do mundo - Murray Schafer

Adans Paulo
Por trás daquele som - Netflix

Bruno Câmara
Masterclass - Hans Zimmer


FICHA TÉCNICA


Roteiro e gravação
GUS BELEZONI


Edição
DIANA RAGNOLE


Divulgação
MARÍLIA PIMENTA


Arte gráfica
FRANCIS FIDÉLIX


Motion
VIDEOMATIK

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Esse é o podcast da ozprodutora.com, apresentado por Gus Belezoni e Hygor Amorim.


Gus: Fala pessoal, eu sou o Gus Belezoni. Sejam muito bem vindos ao podcast sobre os bastidores da Oz Produtora e Novas Soluções Audiovisuais.


Hygor: Eu sou Hygor Amorim e esse é o episódio número 9 do OZCAST e hoje vamos falar sobre identidade sonora.


Gus: A música é uma potente forma de conexão e muitas marcas têm aproveitado o uso estratégico das ondas sonoras para se relacionar, estabelecer vínculos emocionais e até mesmo transmitir o DNA da empresa. Análoga à identidade visual, a identidade sonora possibilita uma criação de experiências multissensoriais, uma vez que as playlists hoje em dia estão presentes em lojas, sites, eventos, shoppings e redes sociais como uma forma de dialogar com o público-alvo. 

E você? Já usou a sonorização para se conectar com seus clientes? Para conversar sobre isso, convidamos os especialistas Adans(?) e Bruno, que são nossos parceiros no Berimbau Estúdio. Fala pessoal, agradecemos vocês estarem participando com a gente. Vocês podem se apresentar pros nossos ouvintes?

Adans: Fala aí, Gus, Hygor. Como já foi apresentado, eu me chamo Adans. Trabalho há mais de 15 anos como produtor musical sound designer. É um prazer estar aqui com vocês, pessoal. 

Bruno: Eu sou o Bruno, também estou nessa área, mais especificamente em trilha sonora mais ou menos 10/12 anos. Tamo aí pra compartilhar as ideias, o pouquinho que a gente adquiriu de experiência e vamos nessa. 

Hygor: Bom, pra começar nosso papo eu já vou soltar a primeira aqui pros especialistas, convidados, parceiros: Qual é o principal papel do sound designer no audiovisual?

Adans ou Bruno: Literalmente o sound designer dá vida àquele vídeo. Eu vejo como 50% de cada em um longa, um curta, qualquer coisa relacionada a vídeo, acho que é 50 imagem e 50 o áudio, acho que os dois se complementam. O áudio dá essa vida, esse movimento para o filme e traz essa emoção e tudo isso que um filme ou um vídeo leva para as pessoas. Não só emoção, não falando só de sentimento, mas como também ajuda entregar a informação de uma maneira bem mais clara pro ouvinte e isso pode ser feito de várias formas.

Hygor: Até pro nosso ouvinte conseguir visualizar na prática, decompondo o som de uma peça, vamos supor de um comercial de televisão, o que é o sound designer lá dentro do comercial?

Adans: Dentro da publicidade é exatamente como no cinema, mas claro, guardadas as devidas proporções. Existem vários filmes que você vai precisar de um som de vento, de uma galinha, de uma porta fechando, enfim são os efeitos que você coloca pra dar vida. Em comercial de TV você usa muito transição de lettering que entram, como Casas Bahia, falando de publicidade. E tem os filmes que são mais cinematográficos, eles exigem mais um detalhe um pouco mais apurado de talvez um cara numa fazenda tomando o café dele, aquele detalhezinho dele colocando o café naquela mesa de madeira e a brisa bem suave batendo naquela trilha… 

Então só repartindo brevemente aqui, o sound designer se divide em algumas partes que é o FX que é relacionado ao som de vento, som de porta fechando, som de galinha, um relâmpago, um trovão e também existe o Ambiente que é criado também, mas o ambiente é aquele som da brisa do vento com o som das árvores, um cavalo lá no fundo ou trazendo pra cidade: um trânsito bem longe, com carro passado mais aqui próximo, com uma pessoa falando… isso são ambientes que você cria e tem o Foley que são detalhes: de você pegando uma caneta e escrevendo, pegando na roupa e esfregando. Na verdade o Foley tem esse nome por causa do Jack Foley que era um artista de rádio e todo dia ele tinha que falar a previsão do tempo ou o que estava acontecendo, então quando, por exemplo, ele ia falar do tempo, ele pegava uma chapa de metal “hoje tem chuva” *barulho de chapa de metal* e vinha aquele som que simulava muito bem o som de um trovão. Então isso saiu da rádio, veio pro cinema, enfim, pra TV e ficou como uma homenagem pra esse cara, que foi ele que meio que revolucionou o som. Então o Foley é isso: são sons criados. Com o Foley você pode criar qualquer tipo de som usando qualquer objeto.

Hygor: Dá um exemplo aí de um Foley, de um som feito com Foley que é curioso, que as pessoas se surpreendem quando descobrem o processo de gravação. Por exemplo, os objetos de gravação usados e tal..

Adans ou Bruno: Vou falar um aqui que a gente já falou nos bastidores, Hygor. Do filme do Jurassic Park, a gente tava até conversando aqui, e o T Rex que é aquele som monstruoso que criaram. Aquilo foi um efeito a partir do som de um jumento e a sacola de supermercado é o som do fogo. *reprodução desses sons*.

Se você pegar pano e bater vai ser o som de uma pomba voando também, ela batendo asa ou qualquer pássaro que você quiser *exemplo do som*. Tem várias coisas que se você começar procurar, no YouTube você vai achar várias técnicas pra você tirar um som que não necessariamente é aquele som. Como o Bruno deu o exemplo da sacola, você escuta um fogo e fala: “beleza, é um som de fogo”, mas não, é um cara com uma sacola ali. Existe a indústria do Foley do filme pornô! Pode procurar que você vai achar.

Gus: Legal demais, galera! Tem uma que eu ouvi falar quando eu entendi o que era o conceito do Foley que é o lance da maçã sendo mordida que a galera costuma fazer com caixa de fósforo também. Eu achei isso incrível, acho que é mais um exemplo de o que a gente escuta, nossa percepção, pode ser muito diferente do que tá acontecendo mesmo. Isso é um trabalho maravilhoso do som e eu achei muito legal que vocês falaram de uma área que, por mais que ela tenha várias nuances e etapas dentro dela, como vocês comentaram, ela é um pouco específica, que é o Sound Design. Mas eu queria fazer uma pergunta um pouco mais ampla que eu vejo que muitas pessoas ainda têm dúvida, que é: se existe uma diferença entre trilha sonora e trilha musical?

Adans ou Bruno: Talvez a trilha musical, se remeta aos sons que te lembram alguma coisa, por exemplo Guerra nas Estrelas, você já lembra daquela trilha *tilha de Guerra das Estrelas*. Talvez acho que é o lance musical mesmo e a trilha sonora talvez venha mais com sons ambientes. Acho que a trilha musical adicionada com o ambiente, com sons característicos, uma fusão da trilha musical com os sons mesmo, com sound effect, sabe?! 

Hygor: Tipo, a trilha sonora não é só música, ela é além, pode ser mais. Então você tem só um som, pode ser até um instrumento, mas ele não está reproduzindo uma música, ele tá sendo um som de tensão, mas as vezes não é uma música, né…

Adans ou Bruno: Cara, hoje os filmes da Netflix que eu tenho assistido de suspense, alguma coisa assim, é 80% do filme só drones, são aqueles sons que fica… *som de drone*. É conceitual, é meio de época porque antigamente tinha música, né: Tarantino, Animal Iconic tinha aquelas musiquinhas que eram tocadas tipo Tom & Jerry. Hoje é mais drone, é um sintetizador, é um teclado, não é tão musical, a proposta não é musical. Você pode ter um filme com uma trilha sonora o tempo todo e não ter uma música nele. 

Hygor: Bom, entrando agora mais no tema mesmo do nosso episódio, do título, quando a gente fala de identidade sonora, como que pra vocês, com a experiência que o estúdio tem, vocês trabalham com marcas grandes do Brasil inteiro… De que forma que a identidade sonora de uma marca colabora com a consolidação e construção de uma persona digital? Como que a identidade sonora pode ajudar fortalecer a criação dessa persona digital de uma marca?

Adans: Trazendo pra publicidade, talvez seja o mesmo princípio, Bruninho vai complementar aí, mas do cinema como a gente tava falando aqui também.

O áudio é que define o tom do que você quer, do que o cliente quer ou do que a sua marca precisa ou definir o que você quer mostrar pro seu cliente. E aí a gente pode dar mais exemplos aqui, infinitos, de campanhas publicitárias que você não esquece até hoje por causa da trilha sonora, trilha musical e marcou exatamente da maneira que o cara queria mostrar aquilo, como ele queria que chegasse pro cliente dele. E a trilha na maioria das vezes, na minha opinião, ela tem essa responsabilidade, como eu falei no início, pra mim é meio a meio: 50 do vídeo e 50 da trilha. Às vezes até a trilha muito mais, a trilha tem o papel as vezes 80, 90% dessa entrega do que o cliente precisa. Eu não sei se fui muito claro, mas talvez o Bruno pode acrescentar melhor aí.

Bruno: Por exemplo, cara, aquela sound logo da Intel *sound logo da Intel*. Aquele som tem tecnologia, tem um som de inovação. Então, cara, o áudio tem que, assim como o vídeo obviamente, tem que trazer o que é realmente aquilo. Vou chutar o balde, mas se a Intel tivesse um som de trompete ia ser a coisa mais bizarra do mundo, mesmo tocando aquela mesma melodia. As pessoas precisam conhecer a Intel pela inovação, pela tecnologia, por eles serem à frente do tempo, de tá inovando e o som tinha que ter aquilo. Acho que a função do som é mais entender pra onde o filme quer chegar, qual que é o mood do filme, qual que é o mood da peça, qual que é o mood da campanha, e aí a gente ir atrás disso. Eu não acredito que o som crie nada, tipo assim: “ah, vamos criar um conceito”, acho que o som não cria nada. Acho que essas coisas tem que estar definidas.

O som da Netflix como a gente tava falando nos bastidores, o som da Intel, é na veia, não tem outro som que encaixe melhor que aquele. Não só falando de marcas, mas teve um ano em Cannes que a galera tava tentando trocar os sons dos aparelhos ambulatórios, por exemplo quando você ou lá o *bip de aparelho ambulatório*, aquela máquina que fica medindo o coração, ele dá uma paz mas quando ele fica *bip de aparelho ambulatório acelerado*, aquilo ali te dá um pânico e a galera queria mudar isso, mudar esse som, queria mudar o som de todos os aparelhos e tipo assim, o som que dá desespero nas pessoas, que chama a atenção é aquele. Eu não acredito que tenha outro. Tem uma função aquilo, sabe. Eu acredito nisso, no áudio ter que ir atrás do que a marca precisa, nunca o contrário.

Gus: Poxa, gente, muito massa vocês estarem trazendo essa visão mais emocional mesmo porque realmente as empresas têm uma assinatura sonora também, as marcas no caso. É muito legal pensar como que no geral as pessoas entendem quando você fala de uma nota musical, mas quando você fala de um timbre, por exemplo a nota LA, ela ta sendo tocada numa mesma região ali por um trompete ou por um piano, a sensação é completamente diferente, não só sonoramente, mas ela pode remeter a algo mais clássico, mais antigo, mais moderno. Então acho que tudo isso tá ligado ao que vocês trouxeram em relação à consolidação da marca.

Eu lembrei de um exemplo que quando o Adans comentou que existem filmes que são rodados inteiros sem som, porém eu conheci um filme que tratava sobre deficiência visual e que na verdade era o contrário, era a tela era preta o filme inteiro e ele era inteiro feito com a trilha sonora, banda sonora, uma outra maneira de você contar a história. Mas voltando um pouquinho no tema da pergunta anterior, só que pensando de uma maneira um pouco mais prática, a minha pergunta é: como se dá o processo de  composição pra publicidade?

Adans: Pra chegar pro áudio, em 98% do material que a gente faz, tá vinculado a um vídeo, a um filme. Pra gente existem as reuniões de conceito da campanha até a produção do filme e aí a gente vai entender qual que é o mood do filme, qual caminho. Tendo isso hoje na prática, a gente caça referências antes de começar fazer porque tem que ter muita sensibilidade, a gente mexe muito com sensibilidade das pessoas o tempo todo. Então, cara, o que é engraçado pra mim não é engraçado pra você, o que é emocional pra mim não é emocional pra você, então pode ser que se eu falar que a música do Titanic é emocional pra mim, você vai falar que “não, cara, é brega isso aí, é anos 90, já foi”. Então tem muito de você alinhar o conceito antes do negócio, apresentar pras pessoas, “o caminho é esse? O que vocês acham disso?” daí a gente parte pra um processo de composição já tendo caminhos pré-estabelecidos. A gente sabe que a volta é grande, sempre volta, bate alteração, volta, então a gente tendo caminhos já, a referência é o norte primeiro pra gente começar.

Gus: Legal, e só complementando essa pergunta antes da gente passar pra próxima, de onde vocês tiram o som mesmo? Ainda mais pensando nesse contexto que a gente tá agora de muita coisa remota, vocês costumam gravar muita coisa ainda no estúdio, vocês trabalham com músicos remotos, vocês tem um banco de sons que vocês podem utilizar, é um pouco disso misturado… você pode falar um pouquinho mais sobre isso?

Adans: É tudo isso que você falou, Gus [risos]. Eu acho que é o mix de tudo, cara. Depende muito de cada trabalho. Tem trabalhos que a gente fez inteiro digital, tudo com sample. O importante pra gente aqui, acho que pra qualquer produtora de áudio, qualquer empresa é que o produto saia 100% no padrão Berimbau, num padrão legal, num padrão que a gente costuma falar Berimbau. Se eu for falar da Oz, é padrão Oz, que a gente conhece o trabalho de vocês e é isso. O importante, acho que pra qualquer estúdio, é esse: não importa se você vai gravar uma guitarra ou se vai usar um guitarra sampleada, vai trazer o que você quer? O que o produtor musical quer? Eu quero um negócio mais, sei lá, anos 80 ou um negócio mais rock, um negócio mais teen, popzinho. Cara, se ele é sampleado ou se é tocado, se eu tenho que chamar o músico ou não, o importante é você atingir aquele timbre que você acha que vai somar na trilha ou na música e é isso. Mas a gente usa todos esses recursos que você falou, Gus, a gente chama músico pra gravar… Cavaquinho é um exemplo legal, cavaquinho é um negócio que a gente tem sampleado o som de cavaquinho, mas cavaquinho tem todo esse lance mais humano, do jeito de tocar, de ser um negócio mais swingado, é um negócio diferente, um exemplo, galera, mas o cavaquinho geralmente prefere pagar um cara que grave, que a gente sabe que é um músico que já tem essa linguagem, já entende como funciona, já sabe pra onde vai aquela nota, aquele campo harmônico que ele sempre usa que vai funcionar, é diferente da gente tentar e usar um loop de um cavaquinho ou de alguma coisa já pronta aqui, ou tentar tocar um cavaquinho no teclado, que vai ficar pior ainda. Enfim, hoje você consegue fazer tudo no digital, sampleado, você consegue samplear tudo o que você quiser, mas eu acho que é o que eu te falei: vai do que você quer entregar e desde que aquilo não comprometa o trabalho final que é o que vai pro cliente. Então assim, você pode usar todos os meios possíveis, cara, se você vai conseguir atingir aquele som, aquela trilha que você quer, como você vai fazer isso, não tem como contabilizar quantas maneiras e formas de você fazer música hoje em dia. E quando eu falo música é som também, enfim, todo esse mundo do áudio. 

Bruno: Falando um pouco do Adans, o Adans faz 15 anos que ele faz sound effects, então obviamente que o Adans já tem um banco das coisas que ele já gravou, que ele já pesquisou, que ele já foi atrás, que ele já sabe que funciona. Você gravou um som de porta hoje e ficou um mega som, você já tem um banco, já tem um som de pomba assim, aí obviamente a gente vai catalogando os sons e aí com o tempo você vai usando, né. Agora se você precisa de uma coisa muito específica, tanto pra música quanto pra sound effects, aí não tem jeito, né.

Hygor: Mas eu gostei muito dessas ilustrações, de objetos usados pra fazer sons que não são tão previsíveis assim, mas só pra poder entrar um pouquinho mais nesse ponto, fala pra gente qual foi som mais bizarro que vocês tiveram que produzir e qual foi o mais difícil de chegar no resultado?

Bruno: Teve uma época que a gente tava fazendo uma série, que o Adans tava organizando uma série aqui, tinha tipo uma piscina aqui no estúdio, você entrava no estúdio e parecia que tava em reforma, tinha uma piscina, tinha um saco de terra, enxada, corrente…

Adans: É que uma vez, cara, sou péssimo pra lembrar, o Bruno tá lembrando tudo, mas teve uma vez que a gente fez uma minissérie e eu tive que fazer um Foley inteiro. Fui aqui na construção aqui atrás do estúdio e comprei uma plataforma que os pedreiros usam pra fazer massa porque eu precisava gravar aqueles passos no mato, aí outra hora era na pedra, outra hora era na areia… falei: “velho, como que eu vou colocar areia aqui no estúdio, mano?”. Aí eu comprei isso aí, enchi de areia, uma parte areia, uma parte pedra, uma parte cascalho e coloquei ali no meio do estúdio e cada dia que os caras chegavam eu tava gravando alguma coisa, pisando no negócio e fazendo os sons. Então ficou acho que um mês, dois meses essa piscina como o Bruno falou, no meio do estúdio, quando eles chegavam, tava ali. Inclusive o Mítica(?), Hygor, eu cheguei a usar também esse negócio.

Hygor: Ah, tu usou também? Passo?

Adan: Eu lembro que o que eu usei foi no episódio do Antônio Conselheiro, é uma hora que ele desliza num barranco, o Leco e aí eu peguei, coloquei areia, terra, cascalho dentro desse negócio e tipo deslizei dentro pra fazer aquele som de barro, de areia e aquele som de pedrinha deslizando, enfim…

Hygor: Nossa, cara! Eu vou assistir esse episódio de novo hoje pra poder identificar esse som lá.

Adan: É, foi bem rápido, um negócio bem rápido, mas que eu não achei, aí volta naquele lance que o Bruninho falou: tem coisas que você vai ter no banco de som, mas é muito engessado, é melhor você gravar. Eu falei: “cara, é o som de pessoa escorregando, não é um adulto, é uma criança também e isso conta. Enfim, é mais fácil você pegar, olhar a cena e gravar e quando você grava, você vai em cima, não tem erro.

Hygor: Aproveitando, já que você citou o Mítica, eu também não posso deixar de citar a nossa parceria aqui. A gente tem a parceria com o Berimbau pelo menos há 10 anos e todos os maiores projetos da Oz que demandam produção sonora original, que a gente não resolve dentro de casa nunca, porque nós não somos especialistas nisso, o Berimbau é o nosso estúdio oficial, a parceria mais recorrente que a gente tem.

A Mytikah, o livro de heróis, nossa série de animação foi inteirinha sonorizada no Berimbau, tanto as vozes quanto a criação de trilha, o sound design inteiro. A Sementes da Educação, a série documental também, as duas temporadas, exatamente com a criação da identidade sonora pras duas séries. E fora tantos outros projetos publicitários, corporativos que a gente tem, uma coleção de produções.

Quando a gente termina a primeira edição de um projeto na Oz e a gente sabe que o Berimbau vai sonorizar, vocês ampliam tanto o impacto que aquela peça audiovisual causa! É uma alegria poder ter vocês aqui em São Carlos, do nosso lado, e com tanta competência pra somar nos projetos.

Gus: E vale a curiosidade, pra gente fechar esse bloco que a trilha musical original criada pro OZCAST foi justamente criada pelo Berimbau.

Bom, chegamos então ao bloco de insights onde a gente traz referências e dicas sobre o que a gente tá falando e eu queria convidar o Hygor pra trazer o que ele preparou pra compartilhar com vocês e conosco.

Hygor: Maravilha, o meu insight de hoje é um podcast americano chamado Vinte Mil Hertz, em inglês Twenty Thousand Hertz, nós vamos colocar o link pro episódio que eu vou sugerir aqui na descrição do episódio do OZCAST. O episódio que eu tô sugerindo do Vinte Mil Hertz fala sobre a construção da vinheta sonora do Netflix, o famoso “ta-dum” do Netflix, que é um dos logotipos mais icônicos da nossa geração e o som ouvido inúmeras vezes, todos os dias no mundo todo acaba sendo uma coisa muito popular e presente no inconsciente das pessoas. Ele já foi muito diferente do que conhecemos hoje, então esse processo de construção do que a gente conhece hoje, do “ta-dum” é que é elaborado nesse episódio do Vinte Mil Hertz. Na verdade é um podcast gravado dentro de um estúdio chamado The Factor Sound, nos Estados Unidos e o host é um cara que é um produtor musical conhecido como Dallas Taylor, o cara é um figura aí dentro da área de trilhas e sound design dentro dos Estados Unidos. Eu recomendo, inclusive, o podcast inteiro, mas tô dando destaque pro episódio número 100 porque é muito curioso entender o processo de criação por trás da vinheta sonora da Netflix. 

Beleza, agora eu vou passar a bola pra compartilhar com a gente um insight pro Adans.

Adans: O que eu separei aqui pra vocês é do Netflix, se chama: Por Traz Daquele Som, são várias composições de músicos, cantores e cantoras do mundo inteiro, por exemplo R.E.M Losing My Religion, como que ela foi produzida, porque daquele bandolim no início, o que os caras tavam na cabeça, o que eles estavam esperando daquela música, se eles tavam numa vibe ruim, se tavam numa vibe legal, o que eles tavam achando da banda. Tem vários artistas do mundo inteiro e eles escolhem um hit daquele cara e eles começam a, vamos dizer, esmiuçar, começam a falar: “como que foi isso aqui, como que foi criada a ideia”, o que aconteceu por trás daquele música e é legal porque toda vez que você escuta aquela música, você vai lembrar daqueles detalhes que foi feito assim e assim, que aquele cara gravou desse jeito, usou o instrumento por causa disso, disso e disso. E não é só musical, tem bastidores também de empresas, empresários, umas tretas pro meio, é bem legal. Eu indicaria pra vocês Por trás Daquele Som do Netflix.

Gus: Então eu vou aproveitar pra trazer meu insight que se trata de um livro que é relativamente antigo, ele foi publicado em 1977, mas que ele mudou a minha visão em relação ao som e principalmente música porque eu tava estudando e chama: A afinação do mundo, do Murray Schafer. Ele é o cara que cunhou o termo ‘paisagem sonora’, foi um cara que estudou não só os sons agradáveis, pensando que todo lugar que a gente tá, ou praticamente todos, a gente está sujeito a determinados sons, seja numa praça com pessoas passando, o sino da igreja tocando e um monte de pássaro, seja em um contexto de praia que a gente tá ouvindo o mar ou seja num contexto de uma selva de pedras que a gente tá ouvindo buzina, ônibus, moto, etc. Eu gosto muito de dois capítulos específicos onde ele trata de uma análise de da música dos planetas e também da música do mundo microscópico, eu chamo de música, som, essa paisagem sonora, mas são duas abordagens que  jamais eu tinha pensado na minha vida. Então vale muito conhecer A afinação do mundo, Murray Schafer. E Bruno, gostaria de ouvir a sua indicação.

Bruno: O meu é uma masterclass, acho que deve ter no YouTube, não é meu compositor favorito que é o Hans Zimmer e o cara explica como é o trabalho de um compositor de trilha falando em sensações, então mesmo que o ator não faça uma pergunta explicitamente, a música fez a pergunta antes do cara falar ou junto com o cara. E quando tem a resposta, mesmo que não seja a resposta falada, a trilha dá a resposta. É incrível, é genial o cara tocando, ele toca com duas notas faz uma pergunta e com duas notas ele faz uma resposta e você fica: “ô louco, não é possível!”. Tem mais estudos disso, mas ele exemplificou de um jeito que não precisa ser musicista, não precisa ser músico pra entender, qualquer um consegue entender, ele faz de uma maneira bem didática que qualquer um consegue entender. Foi bem louco de assistir, mudou minha cabeça. Tipo, a música questiona por você.

Gus: Queria agradecer demais a presença de vocês dois, Adans e Bruno e do Berimbau Estúdio como um super parceiro da Oz, e gostaria de passar a palavra pra vocês se despedirem e ao mesmo tempo pra deixar alguns contatos pra quem quiser saber mais sobre o Berimbau ou então quiser conversar sobre um projeto específico, como que eles podem achar vocês.

Bruno: Berimbau Estúdio no Instagram, site: berimbauestudio.com.br.

Adans: Também agradeço o convite, Gus e Hygor, muito legal mesmo! Realmente, você não vê o tempo passar, é a primeira vez que tô sendo entrevistado no podcast. E agradeço mais uma vez a Oz também, nossa parceira do Berimbau. Pra entrar em contato é só acessar nossas redes sociais. Valeu Hygor e Gus!

Hygor: Bom, então esse foi o episódio número 9 do OZCAST, onde nós falamos sobre identidade sonora com os nossos parceiros do Berimbau. Tem episódio novo a cada 15 dias então não esqueça de assinar e compartilhar o nosso programa, assim você ajuda muito o nosso conteúdo chegar em mais pessoas. A sua empresa também pode ter um podcast, o que acha da ideia? Fale com nosso time pra saber como!

Narrador: Você acabou de ouvir ao OZCAST, o podcast da ozprodutora.com, visite o site, conheça mais sobre a Oz, deixe seus comentários e sugestões.