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OZCAST #06 | Conteúdo infantil: oportunidades e desafios

December 17, 2020 Oz Produtora Season 1 Episode 6
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OZCAST #06 | Conteúdo infantil: oportunidades e desafios
Dec 17, 2020 Season 1 Episode 6
Oz Produtora

Se todos sentimos os efeitos causados pelo isolamento social, não podemos nos esquecer que para as crianças o impacto psicológico pode ter sido ainda maior. Tanto pela dificuldade em entender as mudanças ocorridas, por falta de compreensão da gravidade do problema, quanto por fatores como a interrupção da rotina escolar e da convivência com familiares.

E ao falar em produção de conteúdo voltado ao público infantil, apareceram novos desafios e oportunidades, relacionados ao entretenimento em si, bem como ao poder educacional que o audiovisual desempenha quanto à disseminação de orientações e boas práticas, como o uso de máscaras e higienização constante das mãos.

Para bater um papo sobre esse universo convidamos João Godoy, que é Produtor criativo e Storyteller do time de design do PlayKids. É também sócio-fundador do estúdio PlokMoon, com experiência em criação de personagens e séries, direção e produção artística.

INSIGHTS
Hygor Amorim
Mytikah - O livro dos heróis

Gus Belezoni
O menino e o mundo - Alê Abreu

João Godoy
Hilda - Luke Person

MAIS SOBRE A OZ
www.ozprodutora.com

SIGA A OZ NO INSTA
@ozprodutora

Show Notes Transcript

Se todos sentimos os efeitos causados pelo isolamento social, não podemos nos esquecer que para as crianças o impacto psicológico pode ter sido ainda maior. Tanto pela dificuldade em entender as mudanças ocorridas, por falta de compreensão da gravidade do problema, quanto por fatores como a interrupção da rotina escolar e da convivência com familiares.

E ao falar em produção de conteúdo voltado ao público infantil, apareceram novos desafios e oportunidades, relacionados ao entretenimento em si, bem como ao poder educacional que o audiovisual desempenha quanto à disseminação de orientações e boas práticas, como o uso de máscaras e higienização constante das mãos.

Para bater um papo sobre esse universo convidamos João Godoy, que é Produtor criativo e Storyteller do time de design do PlayKids. É também sócio-fundador do estúdio PlokMoon, com experiência em criação de personagens e séries, direção e produção artística.

INSIGHTS
Hygor Amorim
Mytikah - O livro dos heróis

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O menino e o mundo - Alê Abreu

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Esse é o podcast da ozprodutora.com apresentado por Gus Belezoni e Hygor Amorim.

Gustavo:
Olá pessoal. Eu sou o Gus Belezoni e esse é o podcast sobre os bastidores da Oz Produtora e novas soluções audiovisuais.

Hygor:
Eu sou o Hygor Amorim e esse é o episódio número 6 do OZCAST, e o tema de hoje é conteúdo infantil: oportunidades e desafios.

Se para os adultos os efeitos causados pelo isolamento social foram enormes, para as crianças o impacto psicológico pode ter sido ainda maior, tanto pela dificuldade em entender as mudanças ocorridas quanto por falta da compreensão da gravidade do problema, fatores como a interrupção da rotina escolar e da convivência com familiares. E ao falar em produção de conteúdo audiovisual voltado ao público infantil apareceram novos desafios e oportunidades relacionados ao entretenimento em si, bem como ao poder educacional que o audiovisual desempenha quanto à disseminação de orientações e boas práticas como o uso de máscaras e higienização constante das mãos. E para bater um papo sobre todo esse universo, convidamos João Godoy. Bom pessoal, para quem não sabe João Godoy é produtor criativo e storyteller do time de design do Play Kids.

Ele também é sócio fundador do estúdio Plok Moon e tem muita experiência em criação de personagens e séries, direção e produção artística. Então João seja muito bem vindo ao OZCAST.

João Godoy:
Gente eu tô tão feliz de estar aqui porque acompanho o trabalho da Oz há muito tempo e o Hygor bem sabe disso. Acompanho o OZCAST também então é um espaço que eu acho super premium pra se debater boas ideias. Então o convite pra estar aqui falando de um universo que eu amo tanto que é o universo audiovisual infantil não tem como definir melhor, é uma honra estar aqui. Muito obrigado pelo convite.

Hygor:
Ah que isso João a honra é nossa de tê-lo aqui. Você é uma super referência pra gente quando se fala em conteúdo infantil né. Você é uma referência pra gente, uma referência para o mercado, então poder discutir esses assuntos com você aqui com certeza vai enriquecer muito o conteúdo do OZCAST. Vai ser uma experiência de aprendizagem para a gente também. E João, falando sobre o impacto do isolamento social na produção, como que você vê esse impacto e que resultados ele está causando na produção de conteúdo infantil?

João Godoy:
Acho que a gente teve com essa experiência de isolamento algumas mudanças tanto para quem consome conteúdo infantil, tanto para quem produz. Para quem consome obviamente o conteúdo nunca foi tão urgente, porque você teve crianças em casa o dia inteiro, pais e mães trabalhando em casa o dia inteiro e assim como é que você vai manter essa criança ocupada, ao mesmo tempo deixando essa criança sob o cuidado de um conteúdo bacana que não prejudique a educação dela.

 E eu trabalho no aplicativo que tem conteúdo infantil, então acompanhei muito essa dor dos pais que é: o que eu posso oferecer de qualidade com meu filho e que ao mesmo tempo de vida entretém e mantém essa criança num período pelo qual o planeta está em pânico. Então o conteúdo infantil teve a tarefa de acalmar e também de divertir e relaxar, de fazer a criança se sentir bem em casa sem poder sair para brincar e tal. A demanda foi muito alta e o mercado teve que se adaptar para isso. Então você via profissionais produzindo coisas muito rapidamente priorizando mais o conteúdo, a mensagem, a velocidade da entrega. Vocês sabem disso, produzir conteúdo infantil é uma coisa muito vagarosa, demora muito, é muito caro. Como é que você produz isso num prazo tão curto. Então o mercado foi provocado a produzir coisas com qualidade mas ao mesmo tempo usando criatividade para baratear custos, para trabalhar remoto, no YouTube tem várias produções muito legais que foram feitas de contação de histórias, animações que foram feitas em casa, com uma equipe muito enxuta e eu acho que isso acabou inspirando o grande mercado também. Uma coisa que eu acho que foi muito legal para nós brasileiros é que o mercado de animação ganhou possibilidades para se formar, para estudar, para se desenvolver.

Então eu mesmo participei de eventos online que jamais teria condições de participar nesse momento da minha vida se eu tivesse que viajar por exemplo. Então um dos que eu cito que para mim foi super marcante foi o da Disney Animation Television que foi completamente gratuito e transmitido para o mundo inteiro. Eu ouvi vários roteiristas, animadores e artistas ali produtores debatendo a produção. E foi um aprendizado muito legal e é uma coisa pela qual eu viajaria para poder conseguir esse conteúdo. E eu não precisei fazer isso sem pagar, teve tanta iniciativa de aprendizado. A gente teve a Quanta, que é a  Academia de Artes aqui de São Paulo, oferecendo lives para poder falar sobre produção de quadrinhos, para a produção de livros e animação. O RIO2C que foi aberto gratuito também para a galera poder participar. A própria CCXP que aconteceu  trazendo profissionais também para debater, eu participei como consumidor, como o público, teve um painel muito legal do Cartoon Network que debateu a diversidade na animação, que é um tema super recorrente, super latente agora e tudo isso de graça. Então a gente teve uma oportunidade de desenvolver e também acho que a gente perdeu um pouco esse medo de fazer curso online.

Eu mesmo fiz um curso com a Raquel Fukuda para falar de produção de série animada, uma semana das 7 às 10 da noite, todo dia, com a gente estudando cara. Coisas assim como planilha de orçamento que é o tipo de coisa que quem é artista está produzindo e quer produzir animação tem um pouco de medo. E imagina que você vai passar três horas numa noite aprendendo passo a passo de fazer isso. Se eu tivesse que me deslocar para uma escola para poder fazer e tal talvez me desse um pouco de preguiça ou seria mais caro, seria mais difícil, eu fiz isso dentro de casa. Eu estudei na minha sala, tinha gente de Pernambuco, tinha gente da Bahia, tinha gente do Sul, então você tem ali uma facilidade de reunir colegas do Brasil inteiro. Hoje quando eu vou fazer algum roteiro eu tenho a chance de ter uma co-roteirista de Pernambuco trabalhando comigo. Isso traz uma bagagem de indústria. Parece que ficou mais claro agora que a gente consegue fazer as coisas cada um na sua casa. Somos todos partes de uma etapa industrial. A gente tem que profissionalizar.

 Hygor:
O legal é que você trouxe os impactos numa visão extremamente positivos né, o que você acha Gus?

Gustavo:
Eu acho muito legal também, tava aprendendo aqui, é uma aula mesmo entender o contexto que envolve toda essa produção, e é justamente nesse sentido que vem a nossa segunda pergunta. Imagino que as pessoas, público em geral, quando a gente fala de impacto na produção de conteúdo rapidamente associa com a questão da criação de roteiro, histórias e tudo mais. Mas a gente que está no meio do audiovisual pensa um pouquinho já no sistema de distribuição. Então a minha pergunta é justamente pro João se ele acha que só a criação foi afetada ou se o sistema de distribuição também sofreu transformações.

João Godoy:
Sem dúvida nenhuma. Acho que hoje quando a gente trabalha produzindo antes a gente mirava no grande sonho que era entrar numa grade linear de uma emissora.

Hoje você consegue fazer uma distribuição mais rápida e prática através de um sistema de streaming.

Então por exemplo eu tenho uma produção minha autoral minha que está no Prime vídeo.

Hoje a gente tem Netflix, tem o Globo Play a gente, teve agora o boom da chegada do Disney Plus no Brasil agitando o mercado e hoje se você for conversar com uma criança, dificilmente ela vai dizer que vai levantar eu gosto de acordar tal horário e ligar a TV às 11 que está passando o desenho que eu gosto. Isso soa até ridículo. Eu tenho um sobrinho de 10 anos que já acha quando eu falo que eu ligava a televisão para assistir alguma coisa ele fica: mas porque você não assistia qualquer hora? Porque não dava né, não existia isso. E hoje a gente tem crianças ali que estão consumindo na hora que elas querem, na tela em que elas querem. Então no celular, na TV, através do videogame, estão consumindo conteúdo em todas as plataformas, em todas as telas possíveis. Isso mexe muito com distribuição. Então pra mim esse momento de isolamento conforme a gente teve essa demanda por conteúdo o tempo todo, a TV regular não dá conta, nem a TV a cabo, nem a TV aberta, muito menos a TV aberta brasileira. Então você tem ali o streaming, que acho que nesse ano, nesse momento do Brasil e do mundo, o streaming se consolidou como uma coisa que não é uma segunda janela, é uma primeira opção. A gente teve filmes sendo lançados, várias coisas que foram produzidas e séries antes essa tinha essa coisa de: é uma série de streaming, então ela não tem a mesma qualidade, e isso morreu, é uma coisa meio que não existe mais. Então hoje quando algum conteúdo chega no Prime Video, Netflix, Disney Plus, Globo Play, você sabe que aquilo tem um crivo de qualidade, que garante que aquilo seja bom pra ser consumido. Fora que no mesmo sistema você tem conteúdos para todas as áreas, com todos os gêneros de produção ali, e tudo muito rápido. Uma coisa que mudou muito é que hoje você não precisa produzir o seu conteúdo e fechar numa fita e mandar na qualidade tal, é tudo na nuvem. Então para quem produz e entrega a coisa ficou mais prática também. E evolutiva do tipo não está na qualidade que a gente precisa, você pode mandar em outro formato? Você não vai jogar fora uma fita, material físico, o planeta agradece inclusive, você vai ali corta de novo ou altera, ou edita e manda rapidinho a coisa já tá no ar. Obviamente nem tudo são flores né. Não é como se fosse uma coisa de, esse processo rapidinho que tô falando não é uma coisa de 15 minutos, mas coisas que levariam meses você consegue fazer em semanas. E isso agita o mercado e a demanda está aumentando. Então pra gente quanto mais existe essa demanda, mais coisa a gente tem que produzir para distribuir. Então entra essa coisa da indústria, vamos virar indústria de uma vez?

Hygor:
João, fazendo um recorte sobre conteúdos educacionais agora, acho que estávamos falando mais voltado para entretenimento mesmo. Você vê algum movimento, algum peso maior para o audiovisual educativo pensando nas aulas online, você acha que isso teve um acréscimo, tem um peso maior daqui para frente?

João Godoy:
Cara eu vejo que hoje existe uma distância muito menor entre por exemplo o livro e o conteúdo audiovisual. Eu trabalho no aplicativo Play Kids e dentro da nossa holding nós temos um clube de livros que é uma empresa irmã ali do Play Kids, que é o “leiturinha”. E antes quando a gente ia conversar com pais, a percepção de valor entre o “leiturinha” e o aplicativo Play Kids era muito diferente, era gritante a diferença porque na cabeça das pessoas, no pensamento mais conservador assim, digamos, ver uma criança com um livro na mão automaticamente impacta na sua mente ali, você fica a sensação de que ela está aprendendo algo e se desenvolvendo. Quando você vê uma criança assistir um desenho animado ou com tablet ou um celular na mão você pensa que está perdendo tempo, que ela está só se divertindo e não está aprendendo nada. E aí o nosso trabalho de comunicação foi de mostrar que muitas vezes o livro que a criança lê também pode não ensinar nada. Inclusive pode ser muito nocivo. Por isso nós precisamos de uma boa curadoria que é o trabalho que “leiturinha” faz e seleciona livros que realmente são educacionais e dentro do aplicativo Play Kids nós não vamos oferecer conteúdo que não educa ou que não incentiva as crianças a se tornarem pessoas melhores e a gente está no trabalho massivo de mostrar às as pessoas que não é joguinho e que joguinho eu tô usando esse termo no sentido pejorativo mas jogos também educam, que não é perda de tempo ou que o consumo, obviamente um consumo moderado de telas, pode ser muito rico para a criança. E aí nesse trabalho nosso a gente tem muito contato com pedagogos, que estão sempre debatendo com pais e professores para mostrar que um conteúdo audiovisual - eu vou dar um exemplo da casa aqui: Mytikah – é um conteúdo que obviamente ensina sobre a história, ensina sobre socioemocional, ensina sobre o desenvolvimento das crianças em habilidades como música por exemplo. Você tem várias coisas ali que são atingidas através de um desenho de minutos que é uma ferramenta que até acelera o trabalho do professor. Hoje as pessoas estão percebendo muito isso. Como as crianças tiveram que ficar em casa durante o isolamento e elas tiveram que estudar em casa, muitos professores, eu acho isso maravilhoso, usaram esses recursos do desenho animado como ferramentas para poder tornar a sua aula válida. Isso é incrível cara porque eu cresci tendo uma distância muito grande entre por exemplo o conteúdo obviamente educacional que era a TV Cultura e os desenhos do SBT por exemplo que eram pra se divertir só, quem diz que você não aprende com Punk, a levada da breca. Você aprende também. Então acho que o olhar das pessoas. Acho que ainda falta muito, mas ele está mudando e neste nesse período de isolamento tudo isso foi colocado à prova e mais do que nunca os desenhos préescolares pessoalmente que são com os quais eu mais tenho contato, eles foram muito testados. Será que eles ensinam mesmo? Será que eles colocam valores? Será que eles são uma ferramenta que auxilia a escola e não só a família. E a resposta é sim. Eu acho muito legal tcomo a gente tá tendo uma resposta positiva de professores, que inclusive estão produzindo seu próprio conteúdo. Eu vejo muitos professores aí que contam histórias, publicam no YouTube é muito legal essa visão moderna da educação.

Hygor:
Eu tenho um filho de 4 anos, o Cisco, e nessa semana as professoras da escolinha dele gravaram teatro. Fizeram um teatrinho as próprias professoras, professores todos da escola. Um espetáculo de uma hora uma hora pouquinho e encaminharam.  Eles estão produzindo realmente, tem roteiro, figurino, cenário gravação com chroma, fizeram uma pós produção ali para aplicar cenários, mas um exemplo muito bacana porque mantém o vínculo do professor com o aluno, mesmo uma criança de quatro anos ele reconhece os professores, ele conta diariamente histórias de aprendizados que ele teve com os professores no período ainda de sala de aula. Então é muito legal esse movimento mesmo de ver os professores se desdobrando e usando o audiovisual como uma ferramenta para ir muito além do que é possível fazer ali nas lives tradicionais que a maioria das no início a maioria das escolas faziam,  era de 100 por cento lives. Depois elas começaram a produzir conteúdos e distribuir também, poxa bacana. Eu tenho essa experiência aqui dentro de casa também

E João, pensando agora no futuro mesmo. Quais são os maiores desafios e oportunidades que você vê para quem trabalha com desenho animado, conteúdo audiovisual voltado ao público infantil, principalmente falando do Brasil.

João Godoy:
Cara eu acho que uma das maiores oportunidades que a gente tem é que nunca foi tão fácil fazer contato com quem trabalha na área. Isso eu falo por mim. Eu sempre senti uma distância muito grande entre eu que estava começando nesse mercado e as pessoas que eu admirava e eu posso até citar nomes:

O Zé Brandão do Copa Studio, o Andrés da 2DLab, eram pessoas que eu via sempre falando em painéis no Rio2C,  via como com suas produções na televisão e eu falava nossa nunca vou conseguir falar com essas pessoas e de repente através de um tuíte uma mensagem no Facebook e alguma coisa ali no LinkedIn LinkedIn é ótimo para isso bastou eu falar ou eu gostaria de conversar com você para pegar umas dicas e todas essas pessoas me responderam. Claro, quando você quer? Está muito fácil você falar com essas pessoas que são referência e não são referência só porque elas começaram primeiro, porque elas são boas e elas estão muito abertas para conversarem para poder repassar informações para indicar cursos. Existe um grupo no telegram que é só para quem trabalha com animação no Brasil e é um grupo tão legal que eu vou esquecer o sobrenome do cara que é o criador do grupo mas é o André, é um grande animador, fica aqui o registro que ele é ótimo, mas é um grupo só de oportunidades de freelas de trabalho para quem animador e também cursos. Ó então vai ter uma palestra gratuita aqui sobre roteiro, vai ter aqui um cursinho rápido de um dia gratuito ou com um preço simbólico para você aprender a fazer rig de personagens para animação então está na palma da sua mão.

 Essas são oportunidades de formação principalmente que estão pipocando o tempo todo. Eu já tive a chance de mandar conteúdo meu para pessoas que eu acho incríveis que eu vejo que venceram na vida e essas pessoas me deram um feedback honesto, bacana, construtivo. Eu tenho o apoio de muita gente legal e apoio não significa que essas pessoas vão colocar você automaticamente para trabalhar. Que isso pode gerar uma frustração. Eu por exemplo, eu tive oportunidade conversar muito com o Zé Brandão do Copa. Eu até hoje não fiz nenhum trabalho com o Copa. Ele nunca me prometeu: vamos conversar que eu vou te colocar aqui. Isso é bom deixar muito claro. É aquele cafezinho que você toma com a pessoa que já produziu séries do Cartoon Network e ela vai te dar dicas de como é que você produz sua série. Para mim essa é a maior oportunidade. Um lado triste, que é questão de desafios, é que o nosso país não fomenta muito o mercado, a indústria de audiovisual infantil de animação então nós temos ainda animação com um processo extremamente caro, vagaroso, que demanda muita gente. A gente tem cada vez menos incentivos a gente poderia ter muito mais.

 E aí uma coisa que eu acho muito triste, mas eu entendo porque isso acontece é que quando o profissional se torna muito muito bom aqui no Brasil as chances de ele sair daqui e trabalhar fora são gigantes, para ser valorizado. Então nós precisamos de alguma forma de uma valorização maior do profissional de conteúdo infantil e isso englobando não só animação, escritores também, ilustradores, atores não tem mercado, não se paga.

 Então você precisaria produzir uma coisa, gerar licenciamento e como é que a gente não tem fomento para isso aqui. Então é uma luta muito grande. Eu fico ao mesmo tempo apaixonado por essa coisa do mercado de se ajudar. Eu fico muito triste que não estão olhando pra gente de uma forma generosa, sendo que nós inclusive fazemos o dinheiro girar dentro do Brasil, não é como se a gente fosse pedir dinheiro para viver a famosa mamata, não é. Nós estamos fazendo a coisa girar e estamos produzindo cultura nacional pra ser exportada. Cara Irmão do Jorel sendo exportado, Osvaldo sendo exportado, vários conteúdos legais e que estão ao redor do mundo e estão fazendo sucesso. E cultura moderna, bem produzida, por favor né. Esse é um ponto difícil e muito triste.

Gustavo:
É isso aí pessoal. Chegamos mais uma vez ao nosso bloco de insights, onde a proposta é trazer dicas e referências sobre o assunto que a gente está tratando nesse episódio e eu gostaria de passar a palavra para o Hygor trazer o insight de hoje.

Hygor:
Bom eu não poderia deixar de trazer um insight da casa. A minha dica de conteúdo infantil é Mytikah - o Livro dos Heróis, hoje para quem tiver interesse em conhecer a série, são 13 episódios de sete minutos, está disponível pela TV Brasil, pela TV Brasil Play e BC Play que é versão play da TV Brasil. No app da Play Kids onde o João já tem bastante bastante a presença do Mytikah, também na plataforma de vídeo na Rede Vida educação que é um canal de TV aberta no sinal no país inteiro e no ano de 2021 também na plataforma Cultura em casa, que é uma plataforma nova que vai ser lançada pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Vai ser possível assistir Mytikah em todos esses locais. Eu não vou dar muitos detalhes sobre a série justamente para evitar spoilers e para que as pessoas que tenham crianças nas famílias possam buscar pela série e apresentar para os seus pequenos e depois quem puder por favor mande feedback mande comentários para gente sobre o conteúdo. Espero que a gente consiga em 2021 ainda engatar a segunda temporada da série. E agora estou muito curioso. Eu sempre adoro as dicas do João. A gente se fala muito sobre conteúdos. O João vive me trazendo imsights e dicas de conteúdos. João, qual o seu insight de hoje?

João Godoy:
Olha eu não consigo não falar de uma série pela qual sou apaixonado, que se chama Hilda, uma série original da Netflix, ela é baseada nos quadrinhos feitos pelo Luke Pearson, super premiado. E quando isso se tornou série da Netflix o universo foi extremamente ampliado, mas respeitou muito os quadrinhos né. Então eu acho que é uma referência primeiro para criança porque é super divertido, super legal,  a personagem Hilda ela vive numa cidade chamada troll burgo tem ali influência de troll aves falantes todo tipo de ser fabuloso, gigantes e tudo mais, e isso pra ela, pra essa menina, tudo isso é muito natural. Ela não olha o olhar de medo ou pânico, ma sempre com um olhar de curiosidade que toda criança tem. Ela é uma criança normal vivendo em um fabuloso e trazendo lições de impacto direto na sua relação com a mãe e a sua relação com os amigos. Então acho que é um conteúdo familiar muito bacana pra ser assistido realmente ali, a família assistindo todo mundo na sala e tal. E é uma série muito bem escrita. Eles são incríveis, a animação fabulosa maravilhosa de verdade a trilha sonora incrível, paleta de cores, todos os aspectos técnicos são muito bons e eu acho que para quem produz conteúdo infantil é uma aula porque tem como já falei um sound designer, um creature design muito bom, os roteiros são muito bons.

Se você olhar os quadrinhos e comparar com a série, você vai conseguir perceber como essa adaptação progrediu e ela respeitou o material original. Uma aula de adaptação também, porque você pega um livrinho você vê até o visual da Hilda é bem diferente dos quadrinhos e na série. Mas ao mesmo tempo você bate o olho e você identifica a personagem. Então acho que foi um trabalho brilhante de pegar o material ali original, respeitá-lo mas não ficar preso a ele e progredir tanto que agora surge na segunda temporada e o Universo se expande ainda mais. É uma coisa que acho muito bacana, com palavras do próprio Luke de que a série fez com que ele olhasse para sua própria obra um olhar de paixão. Quando ele assistiu a série, ele não esteve envolvido diretamente no desenvolvimento da série. Isso é legal, porque ele confiou numa equipe que tinha expertise ao produzir animação. Quando ele assistiu, ele voltou a produzir os quadrinhos, então teve coisas que ele produziu depois da série ter sido lançada, e ele voltou meio que aquele primeiro amor pela personagem, sabe. Então ele se retro alimentou sua própria produção e só a vinheta de abertura que tem uma música da Grimes ali já é apaixonante. Eu recomendo muito. Ele é tão lindo que eu tatutei no meu braço a personagem.

Gustavo:
Sensacional João, fiquei curioso para conhecer mais sobre a série. Vindo de você, um especialista super ligado nesse universo há muito tempo, tenho certeza que vai ser uma ótima indicação pra quem quiser assistir. E para finalizar o meu insight de hoje é O menino e o mundo, um filme de animação brasileiro de 2013 que foi escrito e dirigido pelo Alê Abreu, já rodou mais de 80 países e inclusive em 2016 ele foi indicado para o Oscar como Melhor Filme de Animação. Brevemente falando sobre a história, ela acompanha o Cuca, um menino nascido numa pequena aldeia que por algum motivo de família, ele sente falta do pai ele parte em busca de uma tal capital, em busca de um novo mundo. Durante essa jornada ele vai conhecendo algumas mazelas da sociedade. Não dá para falar que ele é um conteúdo apenas indicado ao público infantil, pois eu assisti depois de adulto e achei maravilhoso. Achei legal trazer aqui como um insight, tanto pelo fato de ele trazer um personagem infantil como protagonista, mas também pelo método de linguagem que ele utiliza, evitando bastante utilização de frases palavras, se pautando muito em imagens e sons.

Então acho que ele cai muito bem para quem está procurando um filmes pra assistir e também uma ótima maneira de educar seus filhos com um conteúdo audiovisual.

João Godoy:
Eu acho que uma coisa também muito legal do Menino e o mundo é que o roteiro foi construído conforme a animação estava sendo produzida. Os animadores não receberam o roteiro inicial com a história para trabalhar. Então você percebe que ele é um filme muito experimental, mas ele funciona também como comercial, teve indicação ao Oscar mais do que merecida, e a trilha sonora é incrível. Eu poderia citar várias coisas mas tem Emicida cantando uma música que eu acho brilhante porque você pega um artista que tem uma bagagem própria e que já traz todo um conhecimento e coloca uma música dele num filme que já é muito rico.

Então é uma explosão de talento e é lindo, e o design do personagem do menino do título,  o protagonista, ele é muito replicável as crianças conseguem desenhá-lo. Então é muito legal para desenvolver coisas na sala de aula explorando o menino, isso pra cultura maker é um prato cheio.

Hygor:
Achei fantástico, nossa quanta dica bacana, eu vou voltar a assistir O Menino e o mundo, vou assistir Hilda inteiro de novo. Eu já tinha assistido quando o João tinha passado a dica lá atrás há alguns meses, mas agora com mais informações sobre a produção dá vontade de ver com outro olhar. A gente passa a enxergar mais valor ainda no conteúdo entendendo a origem dele e o significado passa a ser diferente. João eu queria te agradecer demais por ter aceito o convite de estar aqui com a gente, por ter compartilhado tanta informação rica, é sempre uma aula poder bater papo com você, conversar sobre o mercado. Você como Gus disse, você realmente é um especialista porque você faz, você mergulha, você vai muito a fundo e cara, admiro demais teu papel profissional no Brasil, como você influencia as pessoas. Espero que a nossa parceria consiga brevemente ter vários conteúdos juntos aí nas telinhas pequenas e grandes.

João Godoy:
E olha que a gente tem bastante história para contar né, porque só o que a gente começou a criar junto já tem um potencial tão grande.

 E aí permito me fazer um elogio para OZ. Para mim uma coisa que me marcou muito desde que eu conheci a Oz Produtora é que ela sabe muito bem onde pisa, mas ao mesmo tempo ela não cria raiz, eu acho superimportante saber ondee vocês estão pisando porque vocês conseguem deixar sementes, mas ao mesmo tempo vocês não ficam presos naquilo que fazem, estão sempre buscando produzir coisas novas., explorar novos talentos e fazer um trabalho de coprodução, profissionalismo, respeito, de empolgação também toda vez que fazer uma reunião pra falar. A gente tem inclusive certeza de que as crianças vão se divertir com o que a gente tá criando porque nós nos divertimos tanto falando disso. Então em breve a gente tem coisas muito legais para contar.

Hygor:
Isso aí a gente grava mais um OZCAST para falar dos lançamentos juntos. Obrigado de novo, obrigado Gus, parceiro de OZCAST desde o episódio zero, vamo que vamo.

Gustavo:
É isso aí pessoal. Eu que agradeço a participação de vocês. Esse é o episódio número 6 do OZCAST e a gente falou sobre conteúdo infantil: oportunidades e desafios. A gente lança novos episódios a cada 15 dias, então assinando você ajuda bastante o conteúdo a chegar e outras pessoas A sua empresa também pode ter um podcast, sabia disso? Fale com a gente saiba como.

Locução:
Você acabou de ouvir o podcast da ozprodutora.com. Visite o site, conheça mais sobre a OZ, deixe seus comentários e sugestões.